O passeio dos esqueletos

Há uma década atrás, eu tinha apenas dezessete netos. Hoje, por enquanto, vinte e um! O Natal, na minha casa, sempre teve um movimento anormal. É tanta criança que no auge da alegria, chega haver trombadas entre si.  O Cemitério Municipal faz divisa com o nosso bairro. Numa noite, pré natalina, a turma estava indócil e ninguém queria dormir. Levantei-me e bancando o regente de disciplina, abri a porta do barulho e falei sobre o grave problema: Vocês estão nesta urgia, já deu meia noite e está na hora dos esqueletos saírem do tumulo para o passeio da meia noite pela rua Halfeld. Imediatamente, houve um silencio tumular (já que estou falando de cemitério). Um deles: "É mesmo vo!?".  -Claro, tanto assim que a prefeitura asfaltou a rua de cima, para facilitar o trafego dos esqueletos! Um outro para mim: "Vo e quando eles andam faz barulho?".  Minha resposta: é mais ou menos assim: clok, clok, clok. O neto mais velho, o Iuri, hoje com vinte e um anos e estudante na USP (engenharia), na capital paulista, foi o primeiro a esconder-se em baixo das cobertas. Ausentei-me feliz da vida, por ter conseguido a disciplina exemplar.  Minha filha mais velha, a Ana Lucia estava no mesmo quarto, ficou com pena do pavor infantil e argumentou: "é mentira do vovô. Esqueleto não anda. Ele fez medo para vocês dormirem". O Jenysson, hoje com dezoito anos, defendeu-me de  unhas e dentes: "não..., o vovô quando fala, só fala a verdade!!!!". Bem, para completar o meu argumento,  a minha filha numero seis, a Iara, professora na Escola Normal, uma ocasião, fazendo referencia ao meu "modus vivendi", comentou com as colegas: "Meu pai quando faz piadas... é tudo verdade. Mas, se fala serio...é tudo mentira!". Gargalhada geral.  w@ldem@r.