Hélder, mais uma história real: Em 1950, ainda universitário, fui morar na casa de um americano de nome Charles Terrel, na rua Julieta Andrade, 30 - bairro do Granbery.  A casa era um bangalô aconchegante, no lado esquerdo, entrada para carro e, em cima da grande garagem,  dois quartos servindo de república para estudantes. Eu ocupava um. Mr. Charles era muito amável e ainda tinha dificuldades com nossa língua. Ele foi marinheiro nos States na  última Guerra Mundial. Para provar seu heroismo,  sempre arregaçava as mangas da camisa e exibia diversas tatuagens nos dois braços. Nos States era solteiro. Terminada a guerra, aposentou-se e veio parar em Juiz de Fora a título de passeio. Encantou-se por um mineira, casou-se e ela passou a chamar-se Dalva da Cunha Terrel.  Essa senhora tem uma sobrinha de nome Regina e que veio a ser  uma das minhas diversas noras.  Bem, voltando ao ano de 1950, como hóspede, decidi fazer um ebulidor elétrico para, de noite, fazer os meus chás. Fiz levantamento de preço na Loja Americana e achei muito caro. Comprei um metro de fio de resistência, enrolei num lápis fazendo uma cobrinha encaracolada. Naquele tempo não existia caneta bic, por isto, usei um lápis. Enovelei o fio em torno de um pedaço de cabo de vassoura e o negócio funcionou muito bem. A água fervia rapidamente, mas o ebulidor elétrico funcionava como se fosse um "curto-circuíto". A luminosidade da casa caía com ameaça de desligamento. Mr. Charles estava sempre lendo, olhava pra lâmpada e queixava-se com dna. Dalva: "OHHH, MR. WAR-DE-MARRRRR LIGOU PEREREKA!!!"  Comigo nunca reclamou e sempre me tratava com diplomacia. Dna. Dalva, sorrindo, é que me contava sobre a reação do esposo norteamericano ao perceber a  queda da amperagem elétrica. Este é mais um pedaço da minha vida que jamais esquecerei. Tenho saudades do Mr. Charles e da dna. Dalva. Que Deus os tenha ao Seu Lado.   Abraços do pai.